sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A Sociedade Brasileira Precisa Conhecer o Autismo e Condenar este tipo de Preconceito Velado.



Discurso de psicóloga no "Domingão do Faustão" deixa mães de autistas e especialistas indignados

Tatiana Pronin
Do UOL, em São Paulo

  • Reprodução
    A psicóloga Elizabeth Monteiro comentou o caso de Adam Lanza, autor do massacre na escola de Connecticut, no programa do último domingo (16)
    A psicóloga Elizabeth Monteiro comentou o caso de Adam Lanza, autor do massacre na escola de Connecticut, no programa do último domingo (16)
Um comentário de poucos minutos feito pela psicóloga Elizabeth Monteiro no programa do Faustão, na TV Globo, gerou indignação em centenas de mães de autistas e especialistas no último domingo (16). Misturando conceitos de psicopatia e da síndrome de Asperger, um tipo de autismo, a declaração fez muitas crianças diagnosticadas com o transtorno ficarem com medo de voltar à escola e serem tratadas como potenciais assassinas.
O apresentador aproveitou a presença da psicóloga no programa para comentar o caso de Adam Lanza, de 20 anos, que matou a própria mãe, 20 crianças e outros seis adultos em uma escola em Connecticut, nos EUA. Logo depois de descrever características comuns a psicopatas, como a inteligência e a falta de empatia, a psicóloga disse que tinha lido que Adam Lanza era um Asperger. "O Asperger é um tipo de autismo. Não é aquele autismo tradicional, que a pessoa não faz contato e às vezes não consegue aprender. O Asperger faz contato e às vezes ele é considerado uma pessoa inteligente", declarou.
Ela foi interrompida por Faustão, que passou a questionar se esse tipo de crime não poderia ser prevenido se os pais fossem capazes de notar comportamentos estranhos nos filhos precocemente. "Tem mãe que é cega", respondeu a psicóloga, citando como exemplo o caso de Suzane von Richthofen, que matou os pais em 2002 e era filha de psiquiatra.
O psicólogo Alexandre Costa e Silva, presidente da Casa da Esperança (instituição especializada em pessoas com transtorno do espectro autista), em Fortaleza, não acredita que Elizabeth Monteiro seja tão desinformada a ponto de confundir autismo com psicopatia. "Mas o fato é que, do modo como foram feitas, em um programa de grande audiência, as afirmações dela têm potencial para causar bastante confusão", diz o especialista.
E de fato causaram. A própria Casa da Esperança recebeu dezenas de mensagens de famílias confusas e preocupadas com a repercussão do programa. Ele cita o exemplo de uma mãe que estava prestes a contar ao filho que ele tem a síndrome de Asperger, após orientações de especialistas, mas desistiu por causa da associação feita com o assassino de Connecticut.
A jornalista e publicitária Andrea Werner Bonoli, mãe de um garoto diagnosticado com autismo e autora do blog Lagarta Vira Pupa, recebeu centenas de mensagens de mães após o programa. Segundo os relatos, várias crianças que têm o transtorno ficaram com medo de ser confundidas com assassinas. Uma chegou a perguntar para a mãe, depois de ouvir a psicóloga: "Vou matar uma pessoa quando crescer?"
A autora do blog decidiu escrever uma carta de repúdio e a divulgou nas redes sociais, por não ter conseguido um canal de comunicação com o programa. A repercussão foi imensa e acabou gerando até comentários indelicados, a ponto de Andrea decidir bloqueá-los. "Dizem que é uma tempestade em copo d’água, mas a cada mensagem que eu recebo, vejo que não é."

VEJA A RESPOSTA DA REDE GLOBO SOBRE O OCORRIDO

"Como foi ressaltado pela psicóloga Elizabeth Monteiro em sua participação no programa Domingão do Faustão, suas declarações a respeito do caso de Connecticut foram genéricas. A partir das poucas e desencontradas informações que circulavam no domingo sobre o que aconteceu nos Estados Unidos, ela fez alguns comentários, pontuando que falava de forma resumida e a partir de suposições.

Em nenhum momento, teve a intenção de fazer um diagnóstico. Tão pouco afirmou que o assassino fosse portador da Síndrome de Asperger, tendo citado a doença com base nas informações publicadas sobre o caso. Fora esta citação, a fala da psicóloga centrou-se genericamente nas características da psicopatia, indicando alguns sinais que pudessem servir de alerta aos pais, sempre com o intuito de prevenir e de estimular a busca do melhor diagnóstico. Aliás, a importância da consulta a profissionais de saúde é destacada sempre em nossas coberturas jornalísticas, assim como nas campanhas institucionais de entidades do segmento que a Rede Globo veicula gratuitamente com regularidade."
Ela, que participa de grupos de mães na internet que não têm relação com autismo, ainda disse que ouviu de muitas delas que, se não a conhecessem (e, por consequência, entendessem minimamente sobre o transtorno), ficariam com medo se soubessem que o filho tem um colega Asperger no colégio.
Retratação
Tanto Andrea quanto o psicólogo da Casa da Esperança acreditam que o mínimo que a TV Globo deveria fazer era trazer um especialista para fazer esclarecimentos. Até porque, além de toda confusão, a psicóloga passou uma informação errada: ela disse que algumas pessoas com Asperger são inteligentes, quando na verdade a inteligência acima da média é um dos critérios que definem a síndrome.
Procurada pelo UOL, a emissora afirmou que em nenhum momento a psicóloga teve a intenção de fazer um diagnóstico (veja texto ao lado). E não sinalizou a intenção de consertar o mal-entendido. Já a psicóloga divulgou uma carta de esclarecimento no Facebook (veja aqui).
Declarações equivocadas sobre o autismo e sua associação com o caso Adam Lanza também proliferaram em veículos de imprensa americanos. A CNN, por exemplo, convidou um psiquiatra para falar sobre o perfil do assassino, que apontou que autistas não têm capacidade de sentir empatia e "tem alguma coisa faltando no cérebro".
A Autistic Self Advocacy Network, entidade americana especializada no transtorno, enviou uma carta de esclarecimento aos meios de comunicação sobre o ocorrido, e muitos deles entrevistaram especialistas para esclarecer o equívoco.
A questão é que, em primeiro lugar, não existe a confirmação de que Adam Lanza tinha a síndrome de Asperger. Até agora, há apenas comentários de parentes, e uma declaração do irmão do jovem – ele disse que Adam era "meio autista".
"Enquanto não liberarem a ficha médica, não é possível dizer se ele realmente tinha a síndrome, ou se possuía algum transtorno associado, o que pode acontecer", afirma o psiquiatra Estevão Vadasz, coordenador do Programa de Transtornos do Espectro Autista do Instituo de Psiquiatria da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
É natural que as pessoas tentem atribuir algum problema mental a uma atitude abominável como matar crianças inocentes. Mas o médico é categórico: um Asperger (ou "Aspie", apelido carinhoso para quem tem a síndrome) jamais cometeria um ato como o de Connecticut. "Eles são ingênuos e têm uma fixação por seguir regras e leis", conta Vadasz. "Não existe, na literatura, nenhum relato associando a síndrome a crime", enfatiza o psiquiatra, que já atendeu mais de 3.000 autistas.
Alexandre Costa e Silva, que chegou a publicar um artigo bastante esclarecedor sobre a confusão feita no programa do Faustão, faz o mesmo tipo de ponderação. "Essas pessoas são ingênuas e incapazes de malícia, e frequentemente não conseguem mentir, nem fazer nada que considerem errado."
Estereótipos
Os equívocos em relação ao autismo não são recentes. Ambos os especialistas relatam que a confusão começou com a definição feita por Hans Asperger, médico alemão que deu nome à síndrome nos anos de 1940. Ele usou o termo "psicopatia autística", mas a primeira palavra, na época, queria dizer simplesmente que se tratava de uma doença mental.
  • Pessoas com Asperger frequentemente se identificam com o personagem Sheldon Cooper,
    do seriado "Big Bang Theory", que tem inteligência acima da média e vive cometendo gafes sociais
O fato é que autismo e psicopatia são condições completamente diferentes. Um psicopata é capaz de entender com maestria a mente dos outros, a ponto de manipular, enganar e, então, roubar ou matar. Já autistas são desprovidos do que os especialistas chamam de Teoria da Mente: a capacidade de atribuir pensamentos, crenças e intenções aos outros.
Segundo Vadasz, isso não quer dizer que eles sejam antissociais – eles inclusive sofrem, pois querem se relacionar. Também não procede a ideia de que autistas não têm sentimentos.Tanto que muitos deles se casam. "O que eles não conseguem é administrar os sentimentos", esclarece o psiquiatra.
A dificuldade de ler a mente dos outros e a incapacidade de mentir "por educação", como todos fazemos, inclusive leva autistas a cometerem uma série de gafes sociais. Não à toa, os pacientes costumam se identificar com personagens como Sheldon Cooper, de "Big Bang Theory", Data, de "Jornada nas Estrelas", e Sherlock Holmes, dos livros de Sir Arthur Conan Doyle.
Por fim, é preciso considerar que o autismo é um transtorno extremamente amplo, com diferentes evoluções. Inclui desde casos graves, em que o paciente não se comunica, a outros mais leves - nos quais se enquadra a síndrome de Asperger - em que o paciente pode ser um profissional de sucesso, que vive dando palestras. Tentar resumir o transtorno em poucos minutos para um público leigo invariavelmente pode levar a equívocos.
Em um artigo no Huffington Post que também esclarece as diferenças entre autismo e psicopatia, a colunista Emily Willingham, mãe de um garoto de 11 anos com Asperger, faz pensar sobre como é delicado fazer generalizações. Ela relata que o filho, ao saber da tragédia em Connecticut, derramou algumas lágrimas e imediatamente sugeriu que fossem buscar o irmão mais novo na escola. No caminho, ele ainda disse: "Não vamos contar a ele o que aconteceu. Não é algo que ele precisa saber. Isso só o deixaria ansioso e com medo".

Veja outros destaques do UOL Saúde




Foto 116 de 122 - Emma Whitehead, de 7 anos, com sua mãe Kari, em Philipsburg, Pensilvânia. Desesperada para salvar a menina, seus pais procuraram um tratamento experimental no Hospital Infantil da Filadélfia, que nunca tinha tinha sido feito em uma criança ou em qualquer pessoa com o tipo de leucemia Emma antes. O experimento, feito em abril, usou uma forma deficiente do vírus que causa a Aids para reprogramar geneticamente o sistema imunológico de Emma para matar as células cancerosas Mais Jeff Swensen/The New York Times

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O SUS reconhece negligência a população Autista

Linha de cuidado para tratamento de autismo é apresentada ao CNS

        Estima-se que cerca de dois milhões de pessoas vivem com autismo no Brasil. A disfunção afeta principalmente a capacidade de interação social, dificuldades de comunicação e alterações de comportamento. Para debater a situação do atendimento a essas pessoas dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), o Conselho Nacional de Saúde (CNS) debateu na tarde dessa terça-feira (11) a Linha de Cuidado para Pessoas com Autismo no SUS.

        Mãe de um autista, militante da causa, conselheira nacional de saúde e principalmente usuária do SUS, Marisa Furia, representante da Associação Brasileira de Autismo (ABRA) expôs em uma fala emocionada sobre as dificuldades enfrentadas pelos autistas. Para ela é importante garantir que as redes de atenção do sistema público se atenham às demandas dessa população. “A minha família inteira apoiou a minha militância e por isso estou aqui hoje. Essa Linha de cuidado é uma grande esperança para nós. Espero que ela seja implantada de forma correta e ampla para todas as metodologias aprovadas”, disse.  

        Engajada também na luta das mães com filhos autistas, a representante da ABRA, Maria Helena de Azeredo tem filhos gêmeos com autismo. Foi escolhida pela entidade para fazer parte do grupo de trabalho que se debruçou no desenvolvimento do conteúdo da Linha de Cuidado. Ela conta que antes de surgir às diretrizes analisadas, o movimento encaminhou ao Ministério da Saúde questões que deveriam ser tratadas pela pasta. Entre elas estavam à realização de uma campanha nacional informativa sobre o autismo, um protocolo para diagnostico e tratamento do autismo no SUS, e a criação de Centros de Referência em autismo.

        “Melhorar o atendimento a esses seres humanos é reconhecer uma população que sempre foi negligenciada nesse País. Os nossos filhos precisam de tratamentos específicos que garantam também a inserção social. O autismo é um problema mundial, o investimento nessa área é necessário”, salientou Maria Helena.


        Intervenção precoce
        Felipe Cavalcanti, psicólogo e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) apontou que o atendimento aos autistas deve incluir uma mudança no histórico de tratamento no Brasil, em que ainda prevalece um número de especialistas insatisfatório, infraestrutura de formação de especialistas inadequada, concentração demográfica desigual, entre outros aspectos.

        Nesse contexto, Cavalcanti também apontou para a necessidade de intervenção e diagnóstico precoce do autismo. “As novas intervenções com pessoas com autismo tem obtido resultados promissores que permitem a essas pessoas frequentar e acompanhar seus pares em ambientes escolares, comunitários e de trabalho”, ressaltou o pesquisador.


        Documento
        Responsável por conduzir os trabalhos do grupo que elaborou a Linha de Cuidado, Luciana Togni assessora técnica do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas do Ministério da Saúde afirmou que: “O SUS reconhece a negligência a essa população”. Segundo ela o documento dirige-se a gestores e profissionais do sistema, com vistas à ampliação do acesso e à qualificação da atenção às pessoas com autismo e suas famílias, em todos os pontos de atenção das diferentes Redes de Atenção à Saúde, capitaneado pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).

        A implementação da Linha de Cuidado, segundo Togni traz uma série de ações direcionadas ao tratamento das pessoas com autismo. “Espera-se que este guia possa servir como norteador das ações de ampliação do acesso e qualidade do cuidado ofertado às pessoas com autismo e suas famílias, como referência para as capacitações promovidas pelo Sistema Único de Saúde; como bibliografia de apoio a estudantes, familiares, profissionais e gestores de diferentes áreas”.

        Ao final do debate os conselheiros decidiram que o documento deverá ser analisado para considerações da Comissão Intersetorial de Saúde da Pessoa com Deficiência do CNS.

240ª RO240ª RO
240ª RO240ª RO
Fotos: Rafael Bicalho

        Para visualizar as fotos do 1º dia da 240ª RO, clique aqui.

Fonte: http://conselho.saude.gov.br/ultimas_noticias/2012/11_dez_linha.html

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Aprovado pelo Plenário do Senado a Política Nacional de Proteção aos Autistas


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05/12/2012 - 20h20 Plenário - Votações - Atualizado em 05/12/2012 - 20h31

Aprovada política nacional de proteção aos autistas

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Da Redação
O Plenário do Senado aprovou, nesta quarta-feira (5),  Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. O Projeto de Lei do Senado (PLS) 168/2011, de autoria da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), estabelece os direitos fundamentais da pessoa autista e equipara o portador desse distúrbio à pessoa com deficiência para todos os efeitos legais, além de criar um cadastro único dos autistas, com a finalidade de produzir estatísticas nacionais sobre o problema.
O texto tem como base sugestão da Associação em Defesa do Autista (Adefa). A política de proteção deverá articular, conforme o projeto, os organismos e serviços da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios nas áreas de saúde, educação, assistência social, trabalho, transporte e habitação, com vistas à coordenação de políticas e ações assistenciais.
A Câmara dos Deputados apresentou três emendas ao texto, que receberam parecer favorável na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Já a CDH aprovou o relatório do senador Wellington Dias (PT-PI) modificando a redação da segunda emenda que prevê multas de três a 20 salários mínimos e sanções administrativas para o gestor escolar que recusar a matrícula de aluno com autismo, por entender que se trata de uma atitude discriminatória.
No Plenário do Senado foi aprovado parecer contrário à emenda 3, que previa as penas para as práticas de castigo corporal, ofensa psicológica, tratamento cruel ou degradante à criança ou adolescente com deficiência ou com autismo como forma de correção, disciplina ou outro pretexto. O relator argumentou que as penas previstas no Código Penal (Lei 9.455/1977) são mais severas que as propostas no texto.
A matéria agora vai à sanção presidencial. Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) cumprimentou todo os colegas senadores e deputados pela aprovação do projeto.
– O Senado hoje dá mais um passo importante no sentido de implementar a Convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência aprovado pelo Congresso Nacional com statusconstitucional – comemorou o senador.
Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

MANIFESTO Comitê Pró-Federalização da FURB


MANIFESTO
Comitê Pró-Federalização da FURB


A Coordenação Colegiada do Comitê Pró-Federalização da FURB manifesta surpresa frente à posição da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) quanto à expansão da Educação Superior na região do Vale do Itajaí, excluindo a Universidade Regional de Blumenau (FURB). O estranhamento decorre do fato que a Reitoria da UFSC assumira compromissos com o Comitê, de pautar sua decisão a partir da constituição de Grupo de Trabalho para estudar o modelo de colaboração entre as duas universidades, bem como de realizar uma Audiência Pública em Blumenau para ouvir a comunidade regional.
Lamentavelmente, a Reitoria da UFSC anunciou sua posição unilateralmente, sem ouvir a comunidade regional e sem aprofundar o debate da proposta. Resulta fundamental, nesta hora, que o Ministério da Educação, responsável pelo processo, pronuncie-se para clarificar sua posição, se respalda ou não tal atitude.
Diante desta infeliz decisão, o Comitê reitera a continuidade da luta pela universidade federal da região, nascida grande, a partir da generosa oferta do município de Blumenau e da nossa comunidade: a FURB. Temos plena convicção de que, uma vez encontrada a necessária vontade política, esta reivindicação será atendida.
Finalizamos com a convocação da Reunião Plenária do Comitê, marcada para a próxima sexta-feira (dia 07/12/2012), às 16:00 horas, no Auditório do Bloco J – Campus I, oportunidade em que analisaremos a situação ora criada e definiremos os rumos do movimento.

Comitê Pró-Federalização da FURB
Blumenau (SC), 03 de dezembro de 2012.

Comitê Pró-Federalização da FURB
Fundação Universidade Regional de Blumenau
Rua Antônio da Veiga, 140. Campus I, Sala C-200.
89012-900 Blumenau SC
Correio-e: furbfederal@furb.br

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Conquista dos autistas marca audiência pública da CDH



A expectativa pela iminente aprovação de um projeto de lei reconhecendo os direitos das pessoas com autismo marcou o debate realizado na manhã desta quinta-feira (29) na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH). Ativistas que lutam pelos direitos das pessoas com deficiência celebraram, na audiência, o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, comemorado no dia 3 de dezembro.
Nesta quarta feira (28), a CDH aprovou o relatório do senador Wellington Dias (PT-PI) às emendas da Câmara dos Deputados ao PLS 168/2011, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. A proposta está pronta para votação no Plenário do Senado. Comemorando essa conquista, a presidente do Mundo Azul – Grupo de Pais, Berenice Piana de Piana, mãe de uma criança autista, falou, durante a audiência, de como tudo começou.
- Hoje, nós temos um projeto de lei que começou na minha casa. Nós começamos a escrever aquele projeto de lei com muito entusiasmo, até com ingenuidade, acreditando que a gente poderia realmente escrever do começo ao fim um projeto de lei para pessoas com autismo. Mas foi assim que começou – lembrou.
Berenice afirmou que a aprovação do projeto vai dar ao autista o reconhecimento de que ele é pessoa com deficiência, o que será um grande marco. Paulo Paim (PT-RS), que preside a comissão, ficou emocionado após a fala de Berenice, ao relembrar as cartas que ela escrevia sobre a situação dos autistas.
A audiência contou ainda com Martinha Clarete Dutra dos Santos, representante do ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Ela falou que o Brasil tem uma dívida histórica com as pessoas deficientes.
– Foi uma dívida constituída por um processo de exclusão social dessa população e, por essa razão, todo esforço conjunto se faz necessário de forma articulada e permanente para que nós tenhamos, em nosso país, o resgate da cidadania, do direito dos sujeitos com deficiência à construção da sua história e do seu tempo – afirmou Martinha.
O diretor do Movimento Orgulho Autista Brasil, Fernando Cotta, denunciou que as salas de recursos, onde funciona um atendimento educacional especializado para as pessoas com deficiência matriculadas em escolas comuns, estão sendo fechadas no Distrito Federal.
– Hoje as pessoas estão reunidas, discutindo a terminalidade dos maiores de 21 anos, pessoas com deficiência. Problema grave, senador. O senhor tem direito de estudar até quando o senhor quiser, eu tenho, deputada Rosinha, mas as pessoas com deficiência estão sendo cerceadas nesse sentido aqui no Distrito Federal – afirmou Cotta.
Martinha disse a Cotta que fizesse uma denúncia oficial ao Ministério da Educação para que ele intervenha nesse problema do DF. A audiência contou também com Acioli Antonio de Olivo, representante do ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp; deputada Rosinha da Adefal (PTdoB- AL) e vários ativistas da luta pelos direitos das pessoas com deficiência.
fonte: Agência Senado

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Nova visão sobre o autismo


Revisão de diretrizes para o diagnóstico do transtorno mental pode afetar o dia a dia dos pacientes a partir de 2013

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Espectro autista. Criança tem dificuldade de se comunicar e de interagir socialmente e tem comportamentos repetitivos ou restritos Foto: Simone Marinho/ 15-07-2010
Espectro autista. Criança tem dificuldade de se comunicar e de interagir socialmente e tem comportamentos repetitivos ou restritosSIMONE MARINHO/ 15-07-2010
Sem conseguir olhar nos olhos, com dificuldade de se comunicar e de interagir socialmente, os autistas se fecham num mundo particular. Compreender este universo é o desafio da Associação Americana de Psiquiatria, que lançará em maio de 2013 uma revisão do “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais” (DSM-5), seguido por organizações de todo o mundo e que traz, entre outras medidas, novas diretrizes sobre a síndrome. As mudanças têm gerado polêmica em alguns países. No Brasil, o desafio maior é ainda o da sensibilização da importância do diagnóstico precoce.
A reformulação prevê usar o termo “espectro autista” para o que antes era conhecido por profissionais como “transtorno invasivo do desenvolvimento”. Sob este guarda-chuva estavam síndromes, como a de Asperger, de Rett, desintegrativa da infância e o autismo clássico, que deixarão de existir. Em vez disso, o paciente do espectro autista será avaliado por níveis, de leve a grave.
"De acordo com o censo 2000 do IBGE, estima-se que haja 454.706 crianças com transtorno invasivo do desenvolvimento no Brasil, com uma taxa de prevalência de uma para 150"
A força-tarefa da associação defende que a nova categoria ajudará clínicos a diagnosticar os sintomas e comportamentos de cada indivíduo com mais precisão, evitando colocar rótulos que não garantem um melhor tratamento. Já alguns especialistas e organizações — especialmente as de defesa de pacientes com Asperger, considerado um transtorno mais leve —, temem um estreitamento do diagnóstico e que o grupo seja subavaliado, perdendo direitos como o de tratamento em centros específicos.
— Esta é, de fato, uma preocupação. Os dados utilizados para apoiar a mudança vêm de uma grande amostra muito bem caracterizada, e nela cerca de 10% dos casos perderam o diagnóstico. Mas minha preocupação, na verdade, é que poderá haver um número muito maior de casos, e há outros dados que sustentam isto — avaliou o especialista em autismo Fred Volkmar, diretor do Centro de Estudos da Criança da Escola de Medicina de Yale, nos Estados Unidos.
De acordo com o censo 2000 do IBGE, estima-se que haja 454.706 crianças com transtorno invasivo do desenvolvimento no Brasil, com uma taxa de prevalência de uma para 150. Nos EUA, de acordo com um levantamento publicado este ano pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças, há um autista para cada 88 indivíduos (em 2002, havia um para 155 no país). Além disso, há duas vezes mais homens que mulheres autistas. A frequência do espectro autista tem aumentado há décadas, mas pesquisadores não chegam a um acordo se a tendência é resultado de maior preocupação e conhecimento sobre o transtorno ou se existe realmente um aumento de incidência.
— Se a criança consegue ter uma intervenção antes dos 3 anos, ela chega a ter uma melhora de 80% nos sintomas autistas. Se consegue desenvolver a linguagem simbólica, ou seja, entender o dito pelo não dito, antes de 5 anos, a melhora pode chegar a 90% — afirmou o chefe do Setor de Psiquiatria Infantil da Santa Casa de Misericórdia, Fabio Barbirato, que ministra o VII Simpósio Nacional em Psiquiatria para a Infância e Adolescência, nos próximos dias 7 e 8.
A importância do diagnóstico precoce
Notar se o bebê tem interesse por outras crianças, se ele costuma fazer imitações e se olha para os pais são alguns dos sinais que podem ser percebidos no dia a dia e ajudar no diagnóstico. Como parte do tratamento, Barbirato recomenda fonoaudiologia e terapia cognitiva-comportamental. Dietas, como a do glúten, não têm comprovação científica. O psiquiatra ainda orienta os pais a buscar profissionais habilitados pelas associações médicas.
— Existem muito mais crianças sem o diagnóstico do que com diagnóstico, principalmente em zonas rurais, e que estão sem tratamento — diz Barbirato, citando empecilhos como o despreparo de profissionais e a falta de conhecimento ou receio de pais de lidar com o tema.
Apesar de a ciência ainda investigar o que pode causar o autismo, já se tem melhor compreensão do seu cérebro. O periódico “Journal of the American Medical Association” (Jama), por exemplo, publicou no ano passado um estudo mostrando que as crianças autistas tinham 67% mais neurônios numa região chamada córtex pré-frontal, associada ao desenvolvimento cognitivo e emocional. O órgão também era 17,6% mais pesado do que os de crianças não autistas. Apesar de mais neurônios, o peso do cérebro era aquém ao esperado, sugerindo haver uma patologia neurológica.
Além do DSM-5, existe a Classificação Internacional das Doenças (CID-10), no âmbito da Organização Mundial de Saúde (OMS), que também passa por reformulação. Ambos guias fornecem informações a profissionais e pesquisadores sobre o diagnóstico de doenças, e a CID ainda é usada como base de governos para produzir estatísticas. A próxima CID-11 está prevista para ser aprovada pela Assembleia Mundial de Saúde em 2015.
— Estamos cientes das propostas do DSM-5. Esta é uma das várias opções que vamos considerar para a CID-11 — afirmou o diretor sênior do Projeto de Revisão da CID-10, Geoffrey Reed, que ponderou: — Vamos avaliar a visão da sociedade civil, que expressou grande preocupação sobre o colapso destes diagnósticos, em particular da perda de um diagnóstico separado da síndrome de Asperger.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/saude/nova-visao-sobre-autismo-6817469#ixzz2DMcqzRvv
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sábado, 24 de novembro de 2012