Linha de cuidado para tratamento de autismo é apresentada ao CNS
Estima-se que cerca de dois milhões de pessoas vivem com autismo no Brasil. A disfunção afeta principalmente a capacidade de interação social, dificuldades de comunicação e alterações de comportamento. Para debater a situação do atendimento a essas pessoas dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), o Conselho Nacional de Saúde (CNS) debateu na tarde dessa terça-feira (11) a Linha de Cuidado para Pessoas com Autismo no SUS.
Mãe de um autista, militante da causa, conselheira nacional de saúde e principalmente usuária do SUS, Marisa Furia, representante da Associação Brasileira de Autismo (ABRA) expôs em uma fala emocionada sobre as dificuldades enfrentadas pelos autistas. Para ela é importante garantir que as redes de atenção do sistema público se atenham às demandas dessa população. “A minha família inteira apoiou a minha militância e por isso estou aqui hoje. Essa Linha de cuidado é uma grande esperança para nós. Espero que ela seja implantada de forma correta e ampla para todas as metodologias aprovadas”, disse. Engajada também na luta das mães com filhos autistas, a representante da ABRA, Maria Helena de Azeredo tem filhos gêmeos com autismo. Foi escolhida pela entidade para fazer parte do grupo de trabalho que se debruçou no desenvolvimento do conteúdo da Linha de Cuidado. Ela conta que antes de surgir às diretrizes analisadas, o movimento encaminhou ao Ministério da Saúde questões que deveriam ser tratadas pela pasta. Entre elas estavam à realização de uma campanha nacional informativa sobre o autismo, um protocolo para diagnostico e tratamento do autismo no SUS, e a criação de Centros de Referência em autismo. “Melhorar o atendimento a esses seres humanos é reconhecer uma população que sempre foi negligenciada nesse País. Os nossos filhos precisam de tratamentos específicos que garantam também a inserção social. O autismo é um problema mundial, o investimento nessa área é necessário”, salientou Maria Helena. Intervenção precoce
Felipe Cavalcanti, psicólogo e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) apontou que o atendimento aos autistas deve incluir uma mudança no histórico de tratamento no Brasil, em que ainda prevalece um número de especialistas insatisfatório, infraestrutura de formação de especialistas inadequada, concentração demográfica desigual, entre outros aspectos.
Nesse contexto, Cavalcanti também apontou para a necessidade de intervenção e diagnóstico precoce do autismo. “As novas intervenções com pessoas com autismo tem obtido resultados promissores que permitem a essas pessoas frequentar e acompanhar seus pares em ambientes escolares, comunitários e de trabalho”, ressaltou o pesquisador. Documento
Responsável por conduzir os trabalhos do grupo que elaborou a Linha de Cuidado, Luciana Togni assessora técnica do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas do Ministério da Saúde afirmou que: “O SUS reconhece a negligência a essa população”. Segundo ela o documento dirige-se a gestores e profissionais do sistema, com vistas à ampliação do acesso e à qualificação da atenção às pessoas com autismo e suas famílias, em todos os pontos de atenção das diferentes Redes de Atenção à Saúde, capitaneado pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
A implementação da Linha de Cuidado, segundo Togni traz uma série de ações direcionadas ao tratamento das pessoas com autismo. “Espera-se que este guia possa servir como norteador das ações de ampliação do acesso e qualidade do cuidado ofertado às pessoas com autismo e suas famílias, como referência para as capacitações promovidas pelo Sistema Único de Saúde; como bibliografia de apoio a estudantes, familiares, profissionais e gestores de diferentes áreas”.
Ao final do debate os conselheiros decidiram que o documento deverá ser analisado para considerações da Comissão Intersetorial de Saúde da Pessoa com Deficiência do CNS.
Fotos: Rafael Bicalho
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Fonte: http://conselho.saude.gov.br/ultimas_noticias/2012/11_dez_linha.html
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Docente pesquisador do PPGDR / FURB - Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional. Dedicado à opinião científica, ao exercício da cidadania e ao diletantismo.
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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
O SUS reconhece negligência a população Autista
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